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A LÁPIDE

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Ante a calma da lápide fria posto meus olhos

Não vejo o que quero
Nem tenho o que sonho a cada noite

O brilho fosco da pedra me fascina
Lembra a sina de um novo amanhecer

Não sei quantas vezes repeti esse gesto
Sinto a pálpebra pesar a cada vez que piso aqui
Encho os olhos de dor e de saudade
É como se nunca tivesse vindo a esse lugar

Mais uma vez não consigo ler o que nela está escrito
Mesmo assim não grito
Nem me desespero
Não sei o que quero mesmo estando outra vez aqui

Obsessão para saber o que está escrito
De uma hora para outra viro redator de obituário
Verto prantos que nunca conheci
Canto a morte como tua glória eterna
Ponho fim naquilo que não quis

A lápide fria torna a vida efêmera
Anuncia em letras góticas o interlúdio
O ocaso
O crepúsculo de um sonho decadente

Mesmo sem ler sei o que diz:
Aqui jaz um grande amor perdido
Sofrido
Chorado
Finito
Parido de entranhas tristes
Vivido como solidão
Doído feito um coração partido

Autor Abel Carvalho

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