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MEU RAIO, NUNCA FOI MERA COINCIDÊNCIA.

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Busquei  no estudo da Genética alguns dados científicos para fundamentar meu texto de hoje, confesso que não encontrei nada que garantisse com precisão que o que vou falar possa ser comprovado, então esse texto não tem nenhuma garantia científica.
Mas acredito que minha genética tem muito a ver com minha personalidade.
Venho de uma família de mulheres fortes, tanto do lado paterno quanto do lado materno. Mulheres que em sua grande maioria assumiram a responsabilidade de criarem seus filhos, salvo algumas exceções, como no caso de minha mãe  que, conforme o preceito bíblico recomenda, somente a morte a separou de meu pai. Mas acho que no meu caso, segui mais semelhante às minhas tias maternas e paternas. Sou do tipo que falo alto, alguns acham que eu vivo sempre zangada, mas não é bem assim, na minha família todos falam "gritando". Mulheres de presença fortes, batalhadoras, guerreiras destemidas,leoas em defesa dos filhos e dos demais parentes, algumas até se arriscam a defender alguns "amigos", essa característica está muito presente em mim e nisso acho que me identifico com ela, minha tia ANA MARIA VIANA GOMES... A DEFESA.

Então acho que isso não é mera coincidência, acho que herdei mesmo em meu DNA.

Muitas vezes me questionei, pedi a Deus para fazer a mudança, queria falar menos, me irritar menos, me preocupar menos, ser mais cega, mais surda e totalmente MUDA, aquela premissa que os sábios mais ouvem, só os tolos falam demais. Admito, sou uma TOLA!

Ou Tola, ou RAIO, um raio, que se forma a partir da junção de alguns ingredientes, cristais de gelo, água quase congelada e granizo, então um raio não irradia luz sem o choque entre esses elementos, tem poucos segundos ou milésimos de segundos,essa espetacular faísca é fruto do aquecimento do ar. Raios são as descargas, relâmpagos é o clarão e trovões é o barulho ocasionados pela junção dos dois. São descargas de energia, entenderam?

Pois é, assim era ela, ANA RAIO, uma mulher que juntava as energias negativas e positivas,e descarregava em um brilho barulhento e passageiros, por vezes ocasionando fascínio e admiração, outras vezes ocasionando o "medo" e o choque da descarga elétrica, sem deixar portando de irradiar o brilho. 



Meu último encontro com ela, aconteceu dia 16 de setembro, um convite para almoçarmos juntas, no domingo em os poucos amigos tiveram outros compromissos, e apenas nós duas tivemos de dividir uma deliciosa galinha caipira. Comemos, conversamos, sorrimos sem registro fotográfico, o que nem é muito normal, pois sempre faço esses registros, porém tudo ocorreu naturalmente, com estresse do atraso do almoço, ao valioso prato, saboroso pois foi regado e temperado com muito amor. Por volta das 17 hs nos despedimos, eu tinha um outro compromisso e fui deixa-la em casa.Sempre me despedi dela pedindo tão somente sua benção, isso pra mim era suficiente para sair em paz, porém nesse dia senti um desejo diferente, ao subir na moto, depois de receber sua bênção, eu a olhei  e  disse isso:


-Te cuida senhora e não esqueça que eu te AMO MUITO. Ela sorriu, falou mais alguma coisa e entrou.

Isso poderia ser motivo para me deixar e me fazer senti em PAZ, porém, foi com essa mesma frase que me despedi de minha mãe e de meu pai... EU TE AMO, tem soado com o som de uma despedida que me ocasiona MEDO de pronuncia-las novamente.

Tenho plena consciência que fiz o que estava sempre a meu alcance. Cansada de ver minha tia, trabalhando diuturnamente para  sustentar a si e ajudar as filhas, e ainda tendo de pagar aluguel, não hesitei  em entregar a ela a chave da casa de meus pais, era uma forma de garanti um pouco mais de segurança, guardar algum dinheirinho para quem sabe um dia, consegui realizar o sonho de ter SUA CASA PRÓPRIA. No coração, por vezes encontramos algumas razões para o REMORSO, sempre achamos que podíamos ter feito um pouco mais, um domingo mais, um favor a mais, um ouvido a mais...

Deus em sua plena sabedoria, me fez sair da cidade, assim como me tirou no dia da morte de meu pai. Estava distante, mas precisa estar. Porém, Deus providenciou anjos para estarem presentes, clientes e amigos que após sentirem sua falta e mesmo o vento tendo batido a porta, conseguiram adentrar a casa e a encontrarem agonizando. ELES FORAM OS ANJOS, que fizeram tudo o que humanamente foi possível para trazer-la de volta. Tenho certeza que minha tia sentiu o esforço e ouviu as palavras de cada uma dessas pessoas. 

Meu RAIO virou ESTRELA, pois seu brilho nunca irá se apagar. Porém a cada RAIO que cair novamente na Terra sentirei mais intensamente e tentarei ouvi com mais clareza o som de sua VOZ.
Descanse em PAZ! E a frase dita por mim em minha despedida, continua valendo até a eternidade.


-Tia, te cuida SENHORA e não esqueça que EU TE AMO.










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