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O CHAVEIRO


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   Hoje, dia 03 de agosto de 2015, lembrei-me de um episódio vivido por um amigo e pude ver que muitas vezes vivemos situações parecidas.
   Um dia, meu amigo saiu de carro para buscar sua filha na escola, juntamente com ele encontrava-se seu filho caçula de pouco mais de dois anos. Chegando na escola, ele desceu do carro, deixou a criança enquanto ia buscar a filha. Não tirou a chave da ignição, afinal, levaria alguns poucos minutos, fechou a porta e deixou o pequenino dentro do carro.
   A busca demorou um pouco mais que o previsto, uma vez que a filha estava brincando com as amiguinhas, tempo bastante para a porta do carro travar, com a chave dentro, os vidros fechados e o pequenino, angustiado sem consegui abrir a porta, nem baixar os vidros. As horas, ou melhor, os minutos seguintes foram excruciante. A criança chorava, o pai, apavorado não sabia o que fazer,  pessoas se aglomeravam na tentativa de acalmar a criança e faziam sinais de como o pequenino poderia simplesmente puxar a trava para cima, destravar a porta e tudo ficaria bem. Porém a pequena criança não conseguia puxar a trava.
   Apenas um chaveiro, quebrar o vidro do carro ou ter uma chave reserva, eram essas as alternativas.
   Isso já aconteceu comigo também. Estava no apartamento de um amigo, acordei e ainda em trajes de dormi, resolvi colocar o lixo pra fora, só que veio um vento, a porta bateu e eu fiquei do lado de fora, em trajes menores, sem o celular para pedir socorro ao proprietário que havia saído, sem horas para retornar com a sua chave.  A solução foi apelar ao porteiro, que mesmo renitente, mas vendo minha situação, resolveu abrir a porta com uma pequena chave de fenda.  Soluções parecidas e ambas resolvidas por uma chave reserva.
  Sabe, hoje me senti assim. Pequeno ser que se desespera diante de um sentimento dúbio, contraditório, assustador.
   Meu coração se trancou para um dos sentimentos mais puros e nobres que é o AMOR. Na verdade, a porta bateu e chave ficou por dentro, pega de surpresa e acomodada a uma situação que achei ser consistente, alicerçada, insolúvel, nunca, nunca mesmo, jamais imaginei ser necessário ter uma chave reserva.
   Mas...
   Trancou-se...
  Se tem alguém lá dentro, ou ensurdeceu-se, ou está em sono profundo, não escuta os meus gritos desesperados de SOCORRO, ou sei lá, pode ter morrido também, realmente nem sei se deixei alguém lá dentro.
   Agora faço um apelo ao Grande Chaveiro, Criador e Conhecedor de cada pequeno detalhe de mim.
   SENHOR, manda chave reserva, abre a porta.

   Permita- me AMAR de novo.

Charlene Brasil

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