Google Imagem |
Tenho para mim que Liberdade não significa necessariamente ausência de limites. E também creio que nenhuma religião sã prega a "morte aos infiéis".
Partindo desses "achismos" me arrisco pontuar algumas questões sobre o(um dos) triste(s) assunto(s) do momento:
1. O ato terrorista de autoria de um grupo extremista islâmico aos cartunistas satíricos do Charlie Hebdo, resultando na morte de grandes nomes da área, bem como de alguns civis, não menos importantes, tem sido considerado um atentado à "liberdade de expressão" e, com isso, provocado a reação por parte de inúmeros veículos de comunicação, líderes mundiais e pessoas simplórias como eu. Porém, não consigo ver nisto um atentado à Liberdade de Expressão, pois o que vi foi o oportunismo doentio de um grupo insano que busca qualquer pretexto para usar dos meios mais violentos em defesa de um ideal religioso deturpado. Não foram as charges, a meu ver, que provocaram o ato terrorista. As charges foram apenas um pretexto para justificar o ódio. É como quando você é criança e diz que "aceita" seu coleguinha te xingar de todos os nomes, menos xingar sua mãe, porque aí o bicho pega. A raiva já existia, só precisou de um "gatilho";
2. Como diria o sábio, "o mundo dá voltas". A "Liberdade de Expressão" que está sendo defendida agora é a mesma que certamente, creio eu, devem ter defendido quando a revista "Hara-Kiri", no mesmo estilo do Charlie foi "fechada", porque vejam só, os chargistas publicaram uma edição ironizando a morte de um ex-presidente francês. Mas irônico mesmo é o fato de que grande parte dos chargistas fundaram depois disso o Charlie Hebdo. Ou seja, a França, em outra época não muito distante, censurou o estilo ácido de uma revista e agora "defende" o mesmo estilo em benefício da "liberdade de expressão". Por isso, insisto, não é a Liberdade de Expressão que deveria estar "em jogo";
3. Como disse no início, creio que "liberdade" não signifique "ausência de limites", me arrisco até a dizer que liberdade seria respeitar os limites que não prejudiquem ou ofendam os outros ou a si mesmo e, dentro deste meio termo, fazer o que bem entender. Para toda ação existe uma reação. Assim como a revista "Hara-Kiri" foi banida por ter desrespeitado a morte de um ex-presidente da França, e imagino que a época dos fatos tal punição teve apoio de grande parte da população francesa e membros do Governo, difícil é se fazer de desentendido quando outra revista, no mesmo estilo ácido, ofende líderes religiosos, ou profetas, ou "deuses", desrespeitando os sentimentos e crenças alheias. Respeito, aliás, é um conceito bem mais fácil de se entender do que a própria "liberdade de expressão". Basta apenas um pouco de bom senso.;
4.Por fim, deixo bem claro duas coisas:
4.1 - Não estou justificando a ação dos terroristas. Apenas quis enfatizar que o crime cometido não foi contra a "Liberdade de Expressão", mas sim contra a humanidade, feito por indivíduos doentes que vivem de/para deturpar uma religião e usá-la e interpretá-la a bel-sádico-prazer;
4.2 - Sei, por óbvio, que a comoção não é apenas pela luta por "liberdade de expressão". Sei que vidas se perderam e isto, por si só, é muito triste e cruel. E sei também que milhares de vidas estão sendo(gerúndio) dizimadas na Nigéria pelo Boko Haram e não vi nenhuma passeata de líderes mundiais, tampouco vejo uma cobertura maciça da impressa acerca da tragédia, e nem mesmo um texto enorme numa rede social por parte deste que vos escreve.
Autor: Thyago Sousa Almeida
Bacharelando de Direito da Universidade Estadual do Maranhão, e Servidor do Tribunal de Justiça do Maranhão da Comarca de Bacabal-MA
Nenhum comentário:
Postar um comentário